quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Mata atlântica foi esvaziada de mamíferos, diz estudo

  1. Mata atlântica foi esvaziada de mamíferos, diz estudo
O termo parece um palavrão e, de fato, a situação que descreve não é nada bonita: "desfaunação". Ou seja, o sumiço da fauna -- um fenômeno que parece ter afetado 80% da mata atlântica que ainda resta numa região vasta, que vai do leste de Minas Gerais a Sergipe.
Nessas regiões, uma hecatombe parece ter exterminado quase todos os mamíferos pesando mais de 5 kg -- mesmo quando a floresta propriamente dita, à primeira vista, está intacta, mostra um novo estudo, que acaba de ser publicado na revista científica "PLoS ONE".
A pesquisa, feita por uma equipe que inclui os brasileiros Gustavo Canale, da Unemat (Universidade do Estado de Mato Grosso) em Tangará da Serra, Carlos Peres, da Universidade de East Anglia (Reino Unido), Cassiano Gatto (Inpa), Carlos Guidorizzi (ICMBio) e Cecília Kierulff (Instituto Pri-Matas), envolveu um levantamento numa área de mais de 250 mil km 2 de mata atlântica em Minas Gerais, Bahia e Sergipe.
Com ajuda de imagens de satélite e aparelhos de GPS, os pesquisadores mapearam os principais fragmentos de floresta nessa região --cerca de 200. A equipe, então, fez levantamentos rápidos da fauna em cerca de 50 deles. Nos demais casos, entrevistaram moradores da zona rural de cada região, os quais estivessem habituados a visitar a mata e morassem havia anos perto da floresta, em busca de informações sobre as espécies que eles costumavam ver nos fragmentos de floresta.
O alvo da equipe era um conjunto de 18 espécies de mamíferos de porte grande e médio. São animais como onças, antas, veados, tamanduás e macacos-pregos. Um dos critérios para escolher esses bichos específicos como indicadores do estado da fauna nos fragmentos de mata, explicou Gustavo Canale à Folha, foi o fato de que seria fácil para os moradores identificá-los numa conversa com os cientistas.
"A gente queria evitar espécies mais crípticas Mata atlântica foi esvaziada de mamíferos, diz estudo ou ariscas, como gatos-do-mato ou jaguatiricas", afirma ele. "Também são bichos bastante caçados, o que leva os moradores a procurá-los mais na mata. E também são relativamente pouco exigentes em termos de ambiente."
RESTAM QUATRO
O resultado não foi dos mais auspiciosos: das 18 espécies de mamíferos, só quatro, em média, ainda ocorrem por fragmento de mata com tamanho entre 50 hectares e 5.000 hectares.
Mesmo em trechos de floresta considerados muito grandes para o estado atual da mata atlântica (os com mais de 5.000 hectares), só sete espécies, em média, ainda estavam presentes.
Na prática, isso significa que bichos como onças-pintadas, queixadas (um tipo de porco-do-mato), tamanduás-bandeiras, antas e muriquis (o maior macaco das Américas) estão praticamente extintos nesse pedaços importantes da mata atlântica.
Preguiças, pacas, bugios e raposas se saem só um pouco melhor. Os únicos mamíferos a resistirem em mais de metade dos fragmentos estudados são os saguis.
"Uma coisa interessante que nós vimos é que, no caso dos remanescentes florestais, tamanho não é documento", afirma Canale. "A gente esperaria que, quanto maior o fragmento, maior a chance de ele preservar uma diversidade mais ampla de espécies, mas não é o que acontece."
A explicação para o estrago até nos remanescentes florestais maiores, segundo os pesquisadores, é relativamente simples: mesmo quando a mata não era derrubada, a caça nessas regiões continuou e ainda hoje é muito comum, o que acabou com as espécies grandes.
A situação só é diferente, afirmam eles, nos fragmentos que também são áreas protegidas por lei. Nesses lugares, mostra o estudo, a maioria das espécies ainda pode ser encontrada -o que, para os biólogos, indica que é preciso criar mais áreas protegidas de forma efetiva.
DIFERENÇAS REGIONAIS?
Para o biólogo da Unemat, é difícil saber se essa situação desoladora é a mesma em outras regiões da mata atlântica, no Sudeste e no Sul, por exemplo.
"Todo mundo tinha a sensação de que essas espécies estavam dançando na mata atlântica do Nordeste. O que o nosso trabalho é quantificar isso. Não existe uma quantificação comparável para outras regiões, mas pode ser que a situação seja um pouco melhor no Sudeste por razões históricas, pelo tipo de caça preferida, por exemplo. A gente sente que a pressão de caça no Nordeste é mais intensa -- em vez de comer só porco-do-mato ou veado, por exemplo, as pessoas também comem preguiça, comem macaco", explica.
Fonte: Reinaldo José Lopes, Editor de Ciência + Saúde, Folha de SP

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Como se formou a camada entre e pós-sal?

Como se formou a camada entre e pós-sal?

Muitos geólogos acreditam que no caso do Brasil formou-se primeiramente a camada de pré-sal.
Devido à fissura no dorsal do atlântico cada vez mais material que sobe das camadas abaixo da crosta vai sendo depositado no fundo até que o acúmulo deste material fica tão pesado que este cede e se forma um novo chão que recebe nova camada de sal (por isso tem pré-sal e pós-sal). Ainda segundo estes geólogos este processo é contínuo, podendo existir outras camadas de sal mais fundas ainda.
Eventualmente a camada de sal pode apresentar falhas, que poderiam permitir que parte do petróleo pré-sal fluísse para cima (isto faz sentido uma vez que o petróleo de pré-sal é de melhor qualidade que o de pós-sal porque tem menos contaminantes).


Como ocorre o acumulo de sal no fundo do mar?

Todo oceano tem muito sal no fundo pois quando a água salgada (água + cloreto de sódio) evapora o cloreto vai para o fundo do oceano.

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Por que nascem plantas nos fios da rede elétrica?



Durante os fins de semana, Bio adora passear na casa da vovó, que fica em uma cidade do interior. Depois de saborear deliciosos bolos e doces que a avó preparou para ele, o garoto resolveu brincar na rua com seus primos. Observando os fios da rede elétrica, Bio descobriu algo, no mínimo, curioso.
“O que são esses matinhos pendurados nos fios?”, pensou o menino.
Bio foi perguntar aos seus pais como aquelas plantinhas podiam nascer em um lugar tão inusitado, mas eles não souberam explicar como isso era possível. Na segunda-feira, o garoto resolveu levar sua dúvida à professora de Biologia. Veja o que ela respondeu:
“Bio, existem plantas que não dependem de terra para sobreviver. Elas são chamadas de epífitas e entre as espécies mais comuns podemos citar as bromélias e as orquídeas. As epífitas fixam suas raízes em outras plantas, que servem como suporte, e possuem mecanismos para absorver nutrientes e água sem precisar do solo.
Essa capacidade de sobreviver longe da terra permite que as epífitas apareçam em lugares diversos, como a copa ou o tronco das árvores, a superfície de rochas e até mesmo frestas de fios de alumínio da rede de energia elétrica. No caso desses fios, é comum vermos plantas com folhas de coloração acinzentada, que são bromélias do gênero Tillandsia. Elas possuem tricomas, ou seja, um tipo de pelo modificado, na superfície das folhas, que ajudam a retirar do ar e da poeira a água e os nutrientes de que essas plantas precisam para sobreviver. Os tricomas também reduzem os efeitos da radiação solar, evitando assim que a planta perca água.



Tricomas (pelos modificados) na superfície das folhas de Tillandsia

Em ambientes mais secos, as espécies de Tillandsia possuem um mecanismo diferente para fazer a fotossíntese. Elas abrem os estômatos, que são um tipo de poro, para absorver o dióxido de carbono somente durante a noite, o que diminui a perda de água.
As sementes das Tillandsia são leves e também possuem tricomas, que neste caso ajudam-nas a voar longas distâncias e chegar até os fios da rede elétrica. Embora possam germinar e se estabelecer nos fios, estudos demonstraram que há alta taxa de mortalidade e baixa taxa de crescimento de novas plantas nesses ambientes, principalmente pela falta de água, já que os fios não acumulam água da chuva, e porque as plantas ficam muito expostas à ação dos ventos e do sol.”
Bio ficou muito feliz em entender como essas plantinhas conseguem sobreviver em um ambiente tão diferente.

Fonte: Profª Ingrid Koch (Departamento de Biologia - UFSCar Sorocaba)

http://www.cienciaweb.com.br/tv/






terça-feira, 4 de setembro de 2012

Sobrevivendo de luz


Sobrevivendo de luz


Estudo descreve inseto capaz de se alimentar de energia luminosa. Descrito pela primeira vez em animais, o fenômeno é semelhante à fotossíntese das plantas, mas serve apenas como alternativa durante períodos de escassez de alimentos.
Por: Mariana Rocha
Publicado em 03/09/2012 | Atualizado em 03/09/2012

O mecanismo pelo qual os pulgões ‘Acyrthosiphon pisum’ absorvem luz ainda não está bem estabelecido, mas os pesquisadores apostam na relação com o pigmento carotenoide, responsável pelo tom alaranjado do exemplar fotografado. (foto: J. C. Valmalette).

Fotossíntese em inseto? Não exatamente, mas quase. Pesquisadores franceses identificaram uma espécie de pulgão (Acyrthosiphon pisum) que absorve energia luminosa para se nutrir. Os resultados foram publicados na revista Nature.
A descoberta é resultado de um experimento em que os insetos passaram por ciclos de exposição a ambientes com e sem luz. Após cada ciclo, os cientistas mediram a quantidade de adenosina trifosfato (ATP), molécula que armazena energia, produzida pelos pulgões. O resultado foi surpreendente: quando o inseto era posto em um lugar iluminado, a síntese de ATP era duas vezes maior.
Segundo Jean-Cristophe Valmalette, físico da Universidade do Sul Toulon-Var, na França, e coautor do estudo, a variação da síntese de ATP nas duas situações comprova a transformação da energia luminosa em energia química nos insetos. “Em geral, a ATP é produzida a partir da glicose obtida na alimentação, mas, no caso das plantas e desses pulgões, ele é gerado a partir da luz”, explica.
A equipe ainda não sabe dizer ao certo como esses insetos fazem a captação de luz, mas apostam na relação do carotenoide com o fenômeno. Produzido apenas por plantas e alguns microrganismos, o pigmento parece ter se tornado produto do metabolismo dos pulgões após a aquisição do gene de um fungo ou bactéria, já que a seiva da planta que serve como alimento para a espécie não contém essa substância.
“O carotenoide está em vegetais como a cenoura e é muito importante para a alimentação de diversos animais, mas o único que produz esse pigmento é o pulgão”, revela Valmalette.

Diferenças de cor

Uma evidência do envolvimento dos carotenoides no fenômeno está nas cores dos insetos observados no estudo. Enquanto pulgões alaranjados – que possuem essa cor em função da produção de carotenoides – exibiram grande variação da síntese de ATP em ambiente com e sem luz, os insetos brancos – que não produzem o pigmento – não mostraram a mesma variação.
Os pesquisadores também observaram pulgões verdes, que, apesar de serem os maiores produtores de carotenoides da espécie, têm essa cor devido à associação da substância a outros pigmentos. “Eles têm muito pigmento, mas não exibiram variação na síntese de ATP porque têm uma reserva de energia maior que os outros e precisam ficar mais tempo sem alimento para escolher usar a energia da luz.”

Pulgões verdes também foram estudados, mas como eles têm uma reserva de energia maior que os outros – por necessidades ambientais –, precisariam ficar mais tempo sem alimento para usar a energia da luz. Sua cor é resultante da associação da carotenoide com outros pigmentos. (foto: Shipher Wu/ Flickr – CC BY-NC-SA 2.0)

A cor dos pulgões oferece indícios sobre o lugar de nascimento desses insetos. Enquanto os alaranjados habitam locais com temperatura ideal – média de 22° C –, os verdes nascem em lugares frios e os brancos, em ambiente com pouca comida disponível. “Os brancos precisam de uma alternativa para obter energia, mas não produzem carotenoides porque essa molécula é cara para o metabolismo”, diz o físico. “Entretanto, quando ainda são filhotes, adquirem asas e voam para locais com mais alimento, podendo originar populações de outra cor.”

Pulgão x lesma

“É por conseguir sobreviver mesmo na ausência de alimentos que a espécie está em nosso planeta há 250 milhões de anos”
Quem acompanha a busca dos cientistas por um animal capaz de fazer fotossíntese pode ter lembrado da Elysia chloroticauma lesma que consegue absorver a energia da luz após se alimentar de algas. “Alguns jornais divulgaram a informação de maneira errada, pois a lesma não produz nenhum pigmento e depende da clorofila da alga que comeu”, explica Valmelette.
Diferentemente da lesma, o pulgão possui o gene para a produção de carotenoide e pode passar a característica para os filhotes. “É por conseguir sobreviver mesmo na ausência de alimentos que a espécie está em nosso planeta há 250 milhões de anos”, completa o pesquisador.

Mariana RochaCHC On-line